quinta-feira, 15 de maio de 2014

62 ANOS DA ESQUADRILHA DA FUMAÇA

Completamos 62 anos desde que foi criada a Esquadrilha da Fumaça.

62 anos de adrenalina, emoção e muitos torcicolos.


















Imagine cinco tenentes pegarem os T-6 usados na instrução e saírem fazendo cambalhotas no horário de almoço, ou no final da tarde, depois do voo com os cadetes. Coisa que cheirava a piruação, especialmente porque tudo era feito escondido lá para os lados de Jacarepaguá.


Dois aviões, depois três, até que colocaram quatro aviões fazendo acrobacias. Voar em formação com aviões que pesavam 2.400 com motores radiais de 550 Hp de potência não é fácil. Que diga o Carlos Edo e sua trupe! Fiz uns voozinhos na ala do Edo, não é um avião fácil de voar pra quem já sabe fazer cambalhota na ala, imagine pra quem estava desvendando os segredos dessa atividade!

Um dia aqueles tenentes foram descobertos. No lugar de tomar uma chamada, foram convidados a mostrar o que aprenderam a fazer. Isso foi em 14 de maio de 1952. No Campo dos Afonsos. Essa é a data oficial da criação da unidade mais famosa da Força Aérea. Data oficial de criação extra-oficial, afinal existia na prática, mas não no papel. Difícil dizer a penetração da Esquadrilha da Fumaça, mas é raro algum brasileiro desconhecer sua existência. Eu nunca vi. Será que aqueles caras imaginaram que a semente que estavam plantando daria uma árvore tão frondosa?

A partir daí a coisa foi tomando vulto. O Collomer sugeriu que um sistema de geração de fumaça fosse instalado. O prestígio foi aumentando. Alguns aviões foram separados e ganharam pintura específica.

Não demorou para o então Ministério da Aeronáutica perceber o potencial de Relações Públicas do grupo. Passaram vários nomes muito conhecidos do público: Braga, que é o piloto que ficou mais tempo como comandante, recordista mundial em horas de voo no T-6; Ribeiro Júnior, que foi o responsável pela recriação da Esquadrilha da Fumaça, agora na AFA em Pirassununga. Passou alguns perrengues na fase de criação do grupo, sua determinação garantiu que hoje o grupo esteja aí firme e forte. Foi o único piloto a voar quatro modelos de aviões nas cores da Esquadrilha da Fumaça, como membro do time: T-6, Fouga, Universal e Tucano. Gonzaga, que me brindou com histórias de tirar o fôlego, ainda está aí firme e forte cambalhotando na Esquadrilha Céu. O Robertson, Anjo da Guarda que deu um passo a mais na operacionalidade do grupo e permitiu que mensagens pudessem se escritas no céu.

Tem tantos outros nomes que ficaria difícil citar cada um e explicar a importância. Gente da administração, os Anjos da Guarda, pilotos.

Gente que sempre esteve ao lado do grupo apoiando, incentivando e acreditando e nunca teve qualquer relação maior com a FAB. Hélio Campos Mello, jornalista que fez o primeiro livro fotográfico da Esquadrilha. Ciro Porto, fez dois Globo Repórter. E tantos outros. Costumo dizer que a satisfação que eu tinha em ler um bom artigo da Fumaça num jornal de aeroclube era a mesma do artigo num jornal de grande circulação. Mantenho até hoje várias das amizades forjadas na fumaça da Esquadrilha.

E o principal.

O público.

O que dizer dos fãs?

Guardo até hoje cartas que me emocionaram. Quando era RP da Fumaça, recebi uma carta de uma mãe me pediu para eu mandar uma camiseta assinada pelos pilotos. A história é bem legal. O filho dela, de nove anos, conseguiu vários autógrafos. Chegou em casa pregado e dormiu ao lado dos “troféus”, a camiseta, um boné e um adesivo. No dia seguinte a empregada da casa disse: - Patroa, deu um trabalho danado, mas eu consegui tirar todos os rabiscos da camiseta! A choradeira estimulou a mãe a escrever pra gente.

Sabe aquelas cartas que adolescentes escrevem que são um rolo enorme de desenhos e declarações de amor ao time? O legal era encontrar os autores em alguma demonstração e tirar fotos com eles.

Foto com criança no colo, explicar como funciona o time, como entrar pra FAB, como era a nossa vida. Responder a perguntas estranhas:

- Sua mãe sabe que você faz isso?

- Você não tem mulher nem filhos, né?

- Você não tem medo?

- Você é incapaz de ficar sentado tranquilamente no sofá da sala assistindo a algum filme, né?

O alinhamento dos astros me permitiu fazer parte desse time e viver as três fases de fã. Antes de entrar na Esquadrilha da Fumaça, durante o tempo em que atuei como piloto e RP e finalmente na fase de veterano e sempre fã.

Parabéns a cada personagem que escreveu a história da Esquadrilha da Fumaça pelos 62 anos de existência. Veteranos, atuais componentes, colaboradores, imprensa, mas principalmente a cada um de nós, fãs incondicionais da Esquadrilha da Fumaça!

Fumaça já!






















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