Levantamento encomendado pelo governo gaúcho e entidades empresariais vê viabilidade em novo terminal somente se houver fechamento do Salgado Filho.
Considerado a única saída para suportar o crescimento do número de passageiros e de cargas no Estado nas próximas décadas, o projeto de construção de um novo aeroporto na Região Metropolitana tem uma premissa básica para ser viável: o fim do Salgado Filho. A conclusão é de um estudo encomendado pelo governo gaúcho e entidades empresariais à consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) e apresentado nesta quarta-feira.
– Essa é uma decisão fundamental. Se ficar no meio termo, não atrairá investidores – aponta Carlos Biedermann, sócio para a Região Sul da PwC, referindo-se à intenção de atrair o capital privado para o projeto.
Devido às limitações do aeroporto da Capital, como a impossibilidade de construção de uma segunda pista e a novela para a ampliação da atual, erguer uma nova estrutura também seria imprescindível para a atração de investimentos. Elaborado pelo escritório especializado no setor aéreo da consultoria em Londres, o trabalho aponta que o Estado perde cerca de 75% das exportações aéreas, principalmente para os aeroportos paulistas de Guarulhos e Viracopos. A causa é a limitação da extensão da pista, que impede aviões de decolarem com carga completa e a operação com aeronaves de maior porte.
O estudo, diz Biedermann, indica que o novo aeroporto – investimento avaliado entre US$ 800 milhões e US$ 1,4 bilhão – só seria economicamente viável se não dividisse cargas nem passageiros com o Salgado Filho. O atual terminal não poderia operar sequer com aviação executiva.
O fim do Salgado Filho no futuro, entretanto, não exclui a necessidade dos investimentos previstos para o aeroporto da Capital. Cálculos da Agenda 2020, por exemplo, indicam que a limitação da pista atual gera perdas de R$ 3 bilhões ao ano em negócios para o Rio Grande do Sul.
A intenção gaúcha de apostar em setores de elevada geração de receita, como semicondutores e fármacos, torna essencial ter transporte aéreo competitivo, avalia Marcus Coester, presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI). A agência encomendou o estudo junto com a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) e a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS).
– Com aviões de maior porte e carga completa, também teremos um frete mais barato – sustenta Heitor Müller, presidente da Fiergs.
Para o superintendente do Salgado Filho, Jorge Herdina, hoje não haveria espaço para dois aeroportos de grande porte no Estado, mas só o comportamento do mercado nos próximos anos poderia confirmar a inviabilidade das duas operações.
– Mas a cidade concorda? O Estado quer isto? Restam algumas perguntas – diz Herdina.
Claudio Candiota, presidente da Associação Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do Transportes Aéreo (Andep), prega a coexistência dos dois aeroportos.
– Sob o ponto de vista do usuário, acesso ao Salgado Filho é melhor. Qualquer cidade do mundo gostaria de ter um aeroporto próximo do centro – afirma.
As projeções da PwC indicam que a capacidade do Salgado Filho de atender ao crescimento do volume de passageiros se esgotaria em um prazo de 10 a 15 anos, mas o novo aeroporto dificilmente ficará pronto a tempo.
Para Biedermann, um prazo factível para a construção do terminal da Região Metropolitana seria de 15 anos a partir da data em que o governo federal bater o martelo e definir o modelo de negócio. E isso, admite, ainda não é possível saber quando será.
– Para se fazer um aeroporto novo na Europa se leva entre 15 e 20 anos. A dúvida é quanto tempo levaria no Brasil – questiona Ronald Krummenauer, diretor executivo da Agenda 2020, lembrando os recorrentes entraves ao andamento de obras no país.
Apesar da ideia já existente no Estado de implantar um aeroporto em Nova Santa Rita, inclusive já batizado de 20 de Setembro, o novo estudo não aponta um local. O trabalho lista ainda outras quatro possibilidades: uma em Canoas, outra em Viamão e duas em Guaíba.
O projeto será agora analisado por uma série de órgãos e secretarias do Estado e depois discutido com o governo federal e autoridades aeronáuticas.
A consultoria PwC alerta que existe a necessidade de celeridade em função de projetos de novos aeroportos no Paraná e no interior de São Paulo.
FONTE: ZERO HORA.
NOTA POA SPOTTER:
Pessoalmente acho meio estranho o Governo do Estado através de uma consultoria privada avaliar e definir a solução para a demanda nos próximos anos. Me pergunto se todas as variáveis e soluções possíveis foram avaliadas. Me pergunto se um governo que é incapaz de cumprir a lei no que diz respeito ao piso salarial tem capacidade para definir o fechamento de um aeroporto onde foi investido muito dinheiro público e gerenciar possíveis investimentos externos para a construção de outro? Considero uma atitude lamentável e sem noção! Como fica o gasto com a desapropriação e indenização das famílias que moravam próximas a pista? A construção do novo TECA (Terminal de Cargas)?
Vivemos no país da COPA onde as prioridades estão invertidas. Temos dinheiro para construir estádios mas pessoas ainda morrem na porta de hospitais sem atendimento... A anos se fala em ampliação da pista... Isso não sai do papel por falta de vontade politica, por desorganização e incompetência dos nossos políticos.
Qual terá sido o custo de contratação da consultoria? E quantos interesses internos e externos estão envolvidos? Certamente pessoas vão lucrar muito com isso... Mas como sempre não serão os agricultores, calçadistas, industria local...
Qual terá sido o custo de contratação da consultoria? E quantos interesses internos e externos estão envolvidos? Certamente pessoas vão lucrar muito com isso... Mas como sempre não serão os agricultores, calçadistas, industria local...
Lamentável!
ResponderExcluirTem MUITO tubarão empreiteiro e construtor de olho na área do Salgado Filho. Imagine quantos condomínios e empreendimentos poderiam erguer nessa área? Com o valor dos imóveis no patamar em que estão, é uma mina de ouro. E certamente, os governantes que passarem a caneta nesse projeto levarão algum por fora.
ResponderExcluirEu prefiro não acreditar que isso vá sair do papel. Porque se sair, como ficam as famílias que foram desapropriadas ao longo da Sertório? Como fica o já inútil e caro "aeromóvel"? Como fica o projeto de expansão do terminal de cargas, de extensão da pista, e dos hangares de manutenção? E mais, quantas cidades grandes no mundo têm um aeroporto internacional tão bem localizado, a minutos do centro?
Bom, depois que decidiram fazer o novo aeroporto de Caxias em Vila Oliva, eu não duvido de mais nada.
Concordo Eduardo. Acredito que não vá acontecer... Más me assustam idéias assim. De certa forma estamos no páis das obras mal planejadas, super faturadas e muitas inacabadas... Acho que muda o governo e as desculpas e os planos mudam.
ExcluirAeroporto 20 de Setembro e a segunda ponte do Guaíba... quem sabe um dia.
ResponderExcluirAmpliar pista para 3.200 m e capacidade de passageiros para 20 milhões/pax/ano. Liberar pista da Base Aérea de Canoas para voos comercias. Vila Oliva pista de 3.200 m. Depois para outras regiões do RS. Isto posto temos capacidade para mais de 50 anos.
ResponderExcluir