sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Gol inicia processo de encerramento da Webjet


Por Tatiane Bortolozi | Valor

A Gol Linhas Aéreas demitirá 850 colaboradores, entre tripulação técnica, tripulação comercial e manutenção de aeronaves, como parte do processo de encerramento das atividades e da marca da controlada Webjet, que se inicia hoje, informou em comunicado.

A primeira medida é a extinção das operações de voo. “A Webjet possui um modelo de operação com base em uma frota composta majoritariamente por aviões modelo Boeing 737-300, de idade média elevada, alto consumo de combustível e defasagem tecnológica”, afirma a Gol em comunicado. “Com os novos patamares de custo do setor no Brasil, esse modelo deixou de ser competitivo”, complementa.

Estima-se a devolução de 20 aeronaves Boeing 737-300 da Webjet até o fim do primeiro semestre de 2013. Deste total, 16 aviões serão devolvidos até o fim do primeiro trimestre do próximo ano.

Segundo a empresa, as medidas resultarão em uma operação mais eficiente a partir de 2013. A Gol estima um aumento “pontual” de custos no quarto trimestre deste ano, que será informado mais adiante.

A frota menor deve reduzir a oferta doméstica (ASK)  de 5% a 8% no primeiro semestre de 2013, ante o mesmo período deste ano, estima a empresa aérea. “Essas medidas reforçam o comprometimento da Gol na recuperação de suas margens operacionais e na sustentabilidade do negócio”, frisa a companhia em nota.

Economia de combustível

As aeronaves da Gol economizam 30% mais combustível que os aviões utilizados pela Webjet, disse Paulo Kakinoff, presidente da Gol, em teleconferência com jornalistas.

Segundo Kakinoff, “ainda não é possível dimensionar o valor absoluto” da economia que a empresa vai fazer com o fim da operação da Webjet, mas será um valor significativo.

O combustível representa atualmente 46% dos custos da gol, afirmou ele, acrescentando que a empresa registrou em 2012 um “prejuízo histórico”, de perdas acumuladas de R$ 1 bilhão, que, segundo o executivo, decorreram de fatores macroeconômicos que colocaram a companhia em um nível crítico

Kakinoff citou a desvalorização cambial, que refletiu em  aumento nos custos de manutenção e aquisição de aeronaves, além do preço do combustível, “que passou a representar 46% dos custos da Gol. “[Este] é um dos motivos pelos quais decidimos não operar com as aeronaves da Webjet”, disse.

Processo de decisão

A decisão de encerrar as operações da Webjet foi tomada ao longo das últimas semanas, disse Kakinoff.

O executivo afirmou que, até a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em outubro, a Gol “estava impedida de ter diligência mais aprofundada, justamente para analisar as sinergias” das duas empresas. A aprovação do Cade liberou a Gol para estudar o desligamento da Webjet.

O assunto já estava na pauta dos executivos da Gol. Em reportagem publicada no dia 17 de outubro, Kakinoff disse ao Valor que ainda não havia decisão “sobre a continuidade da marca Webjet”.

A Gol montou então um grupo de estudos para analisar a viabilidade do fim da Webjet, contou Kakinoff.

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